30/10/2014

Dia das Bruxas e Beltane/Samhaín: Quebrando tabus e desafiando preconceitos, estamos cada vez mais "saindo do armário das vassouras"

31 de outubro é a data ideal para refletir sobre as sequelas ainda hoje existentes, dos graves e desumanos erros do Cristianismo que, num passado macabro, comandou um período histórico marcado por violência extremas, onde perseguiram, inquiriram, torturaram com absurda crueldade e condenaram à morte centenas de pessoas. Tudo isso em nome de uma fé cega, ignorante e extremamente preconceituosa.



Etimologicamente falando, a palavra “bruxa", de fato, tem sua origem real desconhecida. Especula-se que a denominação tenha surgido no período pré-romana da Humanidade. A palavra “bruxa” também tem uma provável relação com palavras proto-celtas (a linguagem celta comum, o suposto ancestral de todas as línguas celtas conhecidas, falado provavelmente em meados do ano 800 antes da Era Cristã). A palavra “bruxa” origina-se de "brixtā" (feitiço), "brixto" (fórmula mágica), "brixtu" (magia); ou também pode derivar-se das palavras em gaulês “brixtom”/“brixtia” do qual derivam o nome da deusa gaulesa “Bricta” (ou “Brixta”).

A palavra "bruxa" existe somente na península ibérica, e veio da palavra grega "brouxos", que significa "lagarta", ou seja, “aquela, que se transforma em borboleta”. Para os gregos, a borboleta era um símbolo da alma. E assim como a borboleta sai do casulo, acreditavam que as bruxas tinham o dom de sair do corpo, voar livremente por aí e entrar em contato com o mundo espiritual, fenômeno espiriutualista que, nos tempos atuais, é conhecido como “viagem astral".

Um conceito equivocado e, até hoje fomentado principalmente pela indústria cinematográfica de Hollywood e pelos Estúdios Disney (lembremo-nos, por exemplo da bruxa malvada do conto da Branca de Neve), coloca as bruxas como sendo mulheres velhas, narigudas, corcundas ou com outras deformações físicas, diabólicas e terríveis manipuladoras de magia negra e dotadas de uma gargalhada apavorante.

Outro conceito de Bruxa altamente equivocado e preconceituoso é a comparação com uma “hag” ou “crone”, em inglês, ou seja, uma criatura feia e velha, um tipo de fada idosa ou até uma deusa ou divindade selvagem que, segundo o imaginário dos povos antigos, tais criaturas viviam em florestas escuras e isoladas e que se alimentavam de carnes, muitas vezes humana. Esta visão equivocada das Bruxas pertence à mitologia inglesa.

Não se pode negar que é também muito popular a imagem da bruxa como a de uma mulher sentada sobre uma vassoura voadora, ou com a mesma passada por entre as pernas, andando aos saltitos. Alguns autores utilizam o termo, contudo, para designar as mulheres sábias detentoras de conhecimentos sobre a natureza e a magia.

Voos de Vassouras - Segundo informação divulgada no “Ciência Hoje – Química e Religião”, publicado pelo portal UOL na internet, as bruxas da Idade Média produziam um unguento especial, feito a partir de plantas com propriedades alucinógenas. O produto ficou conhecido como a "pomada das bruxas". Untando as mucosas vaginal e anal com o auxílio de um cabo de vassoura, o unguento era absorvido mais rapidamente. Os delírios causados pela pomada das bruxas incluíam a sensação de levitação, explicando os supostos voos com vassouras.

Bruxas Famosas – Na história da humanidade, algumas bruxas se perpetuaram com alguma notoriedade. Entre elas, citamos a Bruxa de Évora, as Bruxas de Salem e a bruxa inglesa Dame Alice Kytler e, não podemos nos esquecer do “pai” da Wicca, o bruxo inglês Gerald Gardner, que fez a Bruxaria Wicca, o principal caminho neopagão da atualidade, ser reconhecida como uma legítima religião, tendo feito apenas algumas atualizações e adaptações na "Antiga Religião" para o mundo moderno.

Literatura e Cinema – As bruxas e a bruxaria estão presentes em literaturas com fama mundial, a exemplo da saga ficcional mais famosa do planeta, a do jovem bruxo Harry Potter – literatura que foi parar nas telas do cinema, com sucesso espetacular, sobretudo entre adolescentes e jovens. Também os livros de Marion Zimmer Bradley, autora do sucesso “As Brumas de Avalon”, que também foi sucesso mundial no cinema. Outras obras de sucesso com foco em Bruxas e na bruxaria, são as que integram a trilogia sobre as bruxas Mayfair, da escritora Anne Rice.

Perseguições Cristãs - As bruxas foram implacavelmente caçadas durante o período sangrento praticado por cristãos e pela Igreja Católica, conhecido como “Santa Inquisição”, na Idade Média. Um dos métodos usados pelos inquisidores cristãos utilizados na identificação de bruxas nos julgamentos do Santo Ofício comparava os pesos da suposta bruxa e de uma enorme Bíblia. Aquelas que fossem mais leves eram consideradas bruxas, pois acreditavam que as bruxas conseguiam obter uma leveza fora dos padrões humanos. 

Frequentemente – e até os dias atuais - as bruxas são associadas a gatos pretos, animais que, para muitos fanáticos, são a personificação do Diabo, o que é um erro gravíssimo de compreensão. Dentre as bruxas tradicionais, os gatos pretos são os chamados de “Puckrel”, e muitas vezes são considerados como espíritos guardiões da Arte das Bruxas, que habitam o corpo de um animal. Estes costumam ser designados na literatura da Bruxaria como “familiares”.

Preconceito e Ignorância - Muito antigamente, acreditavam-se que as bruxas voavam em vassouras à noite e principalmente em noites de lua cheia. “Também criam que elas faziam feitiços e transformavam as pessoas em animais e que elas, as bruxas, eram muito malígnas, demoníacas ou diabólicas. Pura crendice ignorante e preconceituosa”, ressaltou o mago e bruxo wiccaniano Eghon Rá-Horakhty, nome mágico/religioso do alto sacerdote wiccaniano Rev. Terry Marcos Dourado, fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG) e do Coven Wiccaniano Círculo Sagrado de Hórus (CWCSH) e da Tradição Horística dos Sagrados Mistérios Egípcios (THSME), ambos sediados no Estado de Goiás, no centro do Brasil. 

“Nos tempos atuais, essas antigas superstições como a da bruxa velha da vassoura na lua cheia já foram suavizadas, devido à maior tolerância (embora ainda longe da ideal) entre religiões, o sincretismo religioso e a uma maior divulgação do Paganismo ou do Neopaganismo”, comentou o bruxo goiano.


O início da Bruxaria Moderna

Gerald Gardner, famoso bruxo britânico, tem alta relevância e participação fundamental como “o pai” da Religião Wicca - A religião da Moderna Bruxaria Pagã, formada por pessoas que são bruxas e bruxos, mas que utilizam a "Arte dos Sábios" ou a "Antiga Religião" mesclada a práticas e conhecimentos de outras tradições. 

“Na religião Wicca, a conceitualização da magia, dividindo-a em branca e negra, não existe. Na Wicca, não há uma crença que se fundamente nos conceitos de bem e mal, portanto, não há dois tipos de magia, ou seja, branca e negra. De uma forma alegórica, bruxas e bruxos costumam dizer que “toda magia é cinza”, ou seja, é neutra, nem branca, nem negra”, ressaltou o mago e bruxo goiano Eghon Rá-Horakhty, fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG).

“Ainda nos dias atuais, a antiga Arte das Bruxas, também conhecida como “Bruxaria Tradicional”, continua sendo praticada por grupos seletos, alguns até mesmo ocultos. É possível, também nos tempos modernos, encontrar uma grande quantidade de livros e sites que explicam a "Antiga Religião", porém, muitos se fundem à Wicca, uma vez que os membros de grupos conservadores da Bruxaria Tradicional costumam preferir o ostracismo, optando por se revelarem publicamente apenas em ocasiões especiais ou para que sejam localizados com maior facilidade por neófitos interessados em participar destes grupos”, acrescentou Eghon.




Uma origem conturbada, marcada por perseguições e grandes chacinas


A feitiçaria já era citada desde os primeiros séculos da Era Moderna. Na Grécia Antiga, o filósofo Lúcio Apuleio (123-170 a.C.) fazia alusão a uma criatura que se apresentava em forma de coruja, Hécate, que na verdade era uma forma descendente de certas mulheres que voavam de madrugada, ávidas de carne e sangue humanos, segundo a crença mitológica.

Os intelectuais gregos, à época, acreditavam que tudo isso não passava do imaginário popular, sonhos, pesadelos e, assim, recusavam-se a admitir a existência de bruxas, o que era diferente entre muitos povos daquele período da história da humanidade, a exemplo dos éditos dos francos salianos. Eles falavam da "Estrige" (uma espécie de criatura vampírica mitológica) como se ela existisse de fato. Os penitenciais atestavam a crença nessas mulheres luxuriosas. 

Conta a História que, no início do século XI, o bispo de Worms, Bucardo, pedia aos padres que fizessem perguntas às penitentes no intuito de descobrir se eram seguidoras de Satanás (ou Satã, para eles), para verificar se elas possuíam o poder de usar “armas invisíveis” para matar os cristãos batizados . Se o veredicto fosse o “sim”, estas mulheres eram punidas com quarenta dias de jejum e sete anos de penitências.

Vale ressaltar que, segundo a História, até meados do século XIII, a Igreja Católica não condenava severamente esse tipo de crendice, porém, nos séculos XIV e XV, o conceito de heresias, práticas mágicas e bruxarias se confundiam no julgo popular fomentadas pela ignorância do povo desta época. Em geral, as mulheres eram as mais acusadas e severamente punidas. 

Cátaros, templários e hereges, foram violentamente condenados pela Santa Inquisição católica-cristã, tomando a vez aos judeus e muçulmanos, que eram os principais alvos da primeira inquisição, no século XIII. 

Cristianismo X Paganismo - Curiosamente, foi exatamente a partir da primeira Inquisição que a iconografia cristã passou a representar o "Arcanjo Decaído" não mais como um arcanjo, mas com a aparência de deuses pagãos, como "Pã" e "Cernunnos" (Deus Cornífero). Este fato criou e vem alimentando equivocadamente até os dias atuais a suposição de que bruxas e bruxos adoravam (ou adoram) do demônio. 

“Tudo isso não faz sentido, uma vez que a figura do demônio faz parte dos dogmas cristãos, não pertencendo às crenças pagãs. Nem o Paganismo, tampouco o Neopaganismo, a Bruxaria e a Wicca acreditam na existência do Diabo (ou do Demônio). Sequer existe algum personagem de caráter equivalente ao Diabo (criado pelos cristãos sob a alegação de menções bíblicas), em qualquer panteão pagão”, ressaltou o bruxo e mago, fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG), Eghon Rá-Horakhty (Rev. Terry Marcos Dourado). 

“Ainda com foco na visão dos cristãos, o uso alternativo do nome "Lúcifer" para designar o mal encarnado ("Diabo"), fez agravar a ignorância e o temor do povo, principalmente o povo cristão, a respeito dos cultos (rituais) de bruxos e bruxas, uma vez que o nome "Lúcifer", na interpretação latina, significa apenas "o portador/fabricante da luz" ("Lux Ferre"), inescapável semelhança ao mito grego de "Prometeu", que roubou o fogo dos Céus para trazê-lo aos homens, segundo narra a mitologia”, acrescentou Eghon Rá-Horakhty.

O movimento de repressão à bruxaria, iniciado na Idade Média - e muito acentuado nos primórdios da Idade Moderna, após a tomada de Constantinopla pelos turcos - alcançou maior intensidade no século XV para, na segunda metade do século XVII, ter diminuída sua chama. Nesta fase da história da Humanidade. Para se ter uma vaga ideia, segundo informações de pesquisadores, o número de processos de feitiçaria no norte da França aumentou de 8, no século XV, para 13 na primeira metade do século XVI, e 23 na segunda metade, chegando a 16 na primeira metade do século XVII, diminuindo para 3 na segunda metade daquele século e para um único no seguinte; segundo relatos de Claude Gauvard, membro do Institut Universitaire de France.




Entenda por que, mesmo em tempos modernos, milhares de pessoas ainda temem assumir publicamente suas crenças pagãs


Em 588 anos de duração, o período mais negro e sangrento de toda a história do Cristianismo 
e da Igreja Católica vitimou milhares de pessoas brutalmente torturadas e assassinadas em nome de uma fé.


A Inquisição (Período da Santa Inquisição) da Igreja Católica durou 588 anos, deixando um rastro de milhões de pessoas torturadas, assassinadas, queimadas, decaptadas, enforcadas e empaladas (uma lança atravessava o corpo do anus à boca da vítima condenada pelos cristãos). Os motivos para tais penas iam desde condenar aqueles que praticavam religiões antigas (pagãos e pessoas acusadas de praticarem a bruxaria e a magia), a defensores de ideias proibidas como: dizer que o sol girava ao redor da Terra, que as estrelas são sóis e que o universo é infinito.

Importante ressaltar que não foram apenas os católicos que cometeram tais crimes bárbaros e absurdos, não. Muitas denominações cristãs, como protestantes e evangélicas, cometeram as mesmas insanidades criminosas em nome de uma fé ignorante e preconceituosa. Seja nas guerras contra judeus e muçulmanos, seja na conversão forçada de índios e povos pagãos que praticavam cultos tradicionais ligados à natureza. Esta é uma sombra “ad perpetum” coletiva de todos os cristãos.

Há estimativas de que mais de 40 milhões de pessoas, em todo o planeta, foram assassinadas pelo fanatismo cristão, se considerarmos as estimativas das vítimas fatais de crimes cometidos por cristãos fanáticos nas cruzadas, nas inquisições, nas guerras religiosas e em inúmeros outros atentados de terrorismo religioso contra pessoas, povos, países, culturas e religiões outras que não sejam cristãs. Todas estas atrocidades cometidas em nome do Cristianismo, em nome de Jesus Cristo ou mesmo em nome de Deus. Também em prol da defesa da Religião Cristã e do suposto desejo obsessivo deste movimento religioso denominado Cristianismo, de impor poder e dominação de povos e nações.

“Interessante chamar a atenção das pessoas para, independente do quantitativo das vítimas violentadas e mortas por cristãos, sob a acusação absurda, principalmente de práticas pagãs e de bruxaria, é importante que as pessoas – cristãs ou não – se atentem para um paradoxo interessante, ou seja, se a dor, o sofrimento e o bárbaro assassinato de Jesus, o Cristo, até hoje são capazes de sensibilizar qualquer ser humano; as pessoas também devem se lembrar, e ficarem tão chocadas ou tão sensibilizadas quanto, com o terrível sofrimento de milhares e milhares de seres humanos que padeceram e foram brutal e covardemente assassinados por cristãos, pelo simples motivo de não aceitarem a conversão ao Cristianismo, numa ignorância mortal sem precedentes, absurdamente imperdoável”, ressaltou o mago e bruxo Eghon Rá-Horakhty (Rev. Terry Marcos Dourado), fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG), com sede em Goiás, Brasil.

Tirania Cristã - Pesquisadores da História da Humanidade descobriram que, no século IV, quando o Cristianismo se propagava, a Igreja Católica havia tomado para si dezenas de santuários e templos sagrados de povos pagãos, para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas. Nos primórdios do Catolicismo, acreditavam que os pagãos continuariam a frequentar estes lugares sagrados para reverenciarem seus Deuses. Mas com o passar do tempo, assimilariam o cristianismo substituindo o Paganismo, através da anulação.

Naquela época, por toda a parte, havia uma constante veneração às divindades pagãs. Ao longo dos séculos, a estratégia da Igreja Católica não funcionou, e através da Inquisição, de uma forma ensandecida e sádica, as autoridades eclesiásticas do Cristianismo tentaram apagar de uma vez por todas a figura da "Grande Deusa Mãe", como principal divindade cultuada sobre todos os extremos da Terra. O Catolicismo Medieval com seu forte poder manipulador e dominador, transformou o culto à "Grande Deusa Mãe", num culto satânico, promovendo uma falsa campanha de que a adoração dos deuses pagãos era equivalente à servidão ao "Diabo" (Satanás/Satã).

Pagãos e o Paganismo - Mas o que é verdadeiramente o "Paganismo" (ou o "Neopaganismo")? O que, ou quem, são os "pagãos"? Deturpações de má-fé à parte, verdadeiramente a palavra “Paganismo”, origina-se do latim “paganus”, que significa "camponês", "rústico". No geral, é um termo normalmente usado para se referir a tradições religiosas politeístas (que cultuam vários deuses), a exemplo da Wicca.

"Paganismo" é uma palavra usada principalmente em um contexto histórico, referindo-se à mitologia greco-romana, bem como às tradições politeístas europeias e norte-africanas, antes da cristianização de povos. Num sentido mais amplo, seu significado estende-se às religiões contemporâneas, que incluem a maioria das religiões orientais e as tradições indígenas das Américas, da Ásia Central, Austrália e África, bem como às religiões étnicas não derivadas do personagem bíblico Abraão, em geral.

Mais Inquisição - O que é uma inquisição, senão o ato de inquirir, indagar, investigar ou interrogar judicialmente? No caso da Santa Inquisição promovida pela Igreja Católica e pelo Cristianismo em geral, significou questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opuseram aos preceitos da Igreja Católica. Assim sendo, a Santa Inquisição, que também ficou conhecida como o Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade, cuja oficialidade é questionável por ser duvidosa, de investigar e punir os crimes contra a fé católica.

“Na prática, segundo historiadores, as pessoas pagãs representavam uma constante ameaça à autoridade do Clero Cristão/Católico e a Santa Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o Cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas, algo lamentável e deplorável e inadmissível nos tempos atuais”, ressaltou o mago e bruxo Eghon Rá-Horakhty, fundador da IWMBG.

De acordo com registros históricos, a Santa Inquisição Católica começou no ano de 1184, na cidade italiana de Verona, sob o comando do Papa Lúcio III. Em 1198, o Papa Inocêncio III já havia liderado uma cruzada contra os albigenses (hereges do sul da França), promovendo execuções em massa. Em 1229, sob a liderança do Papa Gregório IX, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. Em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado “Ad Exstirpanda”, que foi fundamental na execução do plano de exterminar os hereges (pagãos, bruxas e bruxos, entre outros).

Posteriormente, o documento “Ad Exstirpanda” foi renovado e ratificado por vários papas seguintes. Em 1320, a pedido do Papa João XXII, Igreja Católica declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos pagãos constituíam um movimento e uma ameaça hostil ao Cristianismo.

O Papa Gregório IX, no ano de 1233, admitiu a existência dos "Sabbats" e dos "Esbats", praticados por bruxas e bruxos. No ano de 1326, o Papa João XXII autorizou, sob o pretexto da prática pecaminosa da heresia, a perseguição às bruxas. No período entre 1431 e 1449, o Concílio de Basileia apelou à supressão de todos os males que pareciam arruinar a Igreja Católica-Cristã. Daí por diante, uma verdadeira e macabra onda de psicose se instalou entre os povos.

Comunidades do centro-oeste da França acusavam seus membros de feitiçarias. Em 1453, na Aquitânia, uma epidemia natural provocou muitas mortes e, tal fato, foi imputado às mulheres da região, de preferência as muito magras e consideradas feias. Elas foram presas, submetidas às mais bárbaras e cruéis torturas com interrogatórios impiedosos. Algumas, não suportando as pressões, acabavam por confessar "seus crimes" contra as crianças e, por esta razão, foram condenadas à fogueira pelo conselheiro municipal. As que não confessavam eram, muitas vezes, linchadas e queimadas pela multidão, irritada com a ausência de condenações.

Pesquisando o passado histórico da humanidade, encontramos relatos de que os tratados demonológicos (ou demoníacos) e os processos de feitiçaria se intensificaram, em meados do ano de 1430, o que deu início à uma nova fase histórica do período pré-iluminista, marcada por tragédias de dimensões gigantescas ou inimagináveis, verdadeiras barbáries humanas fomentadas por uma fé cega, ignorante e preconceituosa. 

No ano de 1484, o Papa Inocêncio VIII promulgou o documento cristão intitulado “Bula Summis Desiderantes Affectibus”, confirmando oficialmente a existência da Bruxaria. Ainda neste ano, a publicação do “Malleus Maleficarum” (Martelo das Bruxas) instigou e fomentou, com importantes orientações uma verdadeira caçada cristã às bruxas. 

Neste período, a Igreja Católica e o Cristianismo em geral ordenaram, instigaram e fomentaram um verdadeiro banho de sangue com ações de extrema violência contra supostas/os bruxas/os, justificadas por eles como combate à heresia, à magia e à feitiçaria. “É interessante ressaltar que, nesta época, o sexismo imperava nas caçadas cristãs, pois os bruxos existiam, mas eram as mulheres, sobretudo, que eram queimadas nas fogueiras cristãs”, frisou o mago e bruxo Eghon Rá-Horakhty, fundador da IWMBG.



O “Dia das Bruxas” para a Religião Wicca

Inegavelmente, a Religião Wicca pode ser considerada como a “Bruxaria Moderna”. Também é inegável que a Wicca, a cada ano, aumenta o número de adeptos, tanto no Brasil, como em dezenas de países em todos os continentes do planeta. Os adeptos (ou praticantes) da Wicca preferem ser chamados de “wiccanos”, ou “wiccans”, ou “wiccanianos” ou “bruxas/os”.
Ilustração representativa do
Festival de Beltane.

A palavra “Wicca” deu origem à palavra “witch” (bruxa, em inglês), significando “dobrar”, ou seja, mudar os acontecimentos segundo a nossa vontade, lembrando que este é o conceito principal da palavra “magia”. A Bruxaria teve início há mais de dez mil anos, mas caiu no ostracismo, ressurgindo nos modernos tempos dos anos 40, recebendo o nome de “Wicca".

“Ao contrário do que se diz por aí, principalmente de forma maldosa por líderes religiosos cristãos (católicos e evangélicos), a Religião Wicca não prega o Satanismo (os praticantes não creem na existência do Diabo), nem faz sacrifícios de animais. A Wicca cultua e protege a Natureza, o bioecossistema, com a finalidade de trazer harmonia para o Universo. Sua divindade principal é uma Deusa, representada pela Lua, em todas as suas fases, e pela Terra (Gaia); em conjunto com seu consorte, o Deus Cernunnos”, ressaltou o mago e bruxo Eghon Rá-Horakhty, da IWMBG.

Os rituais wiccanianos, conhecidos como "Sabbats" celebram as mudanças das estações, que representam o amor e todas as fases desde o nascimento ao o renascimento. E o "Samhaín" (que deu origem ao “Halloween” - Dia das Bruxas) é um deles, por ser uma forma de relembrar e reverenciar os festejos dos povos celtas da Irlanda, Reino Unido e norte da França que festejavam o fim da colheita de verão e o início do Ano Novo.

O nome “Samhain”, que mais tarde se tornaria “Halloween” pela cultura inglesa, também era conhecido como o Dia das Almas, em que acontecia o encontro entre os mundos material e espiritual.

Em meados do século 19, graças à imigração de irlandeses, a celebração pagã de "Samhain" chegou aos Estados Unidos da América. O hábito foi incorporado à população americana que, baseados nas tradições inglesas e irlandesas, passaram a vestir-se com fantasias e irem de casa em casa pedindo alguma comida ou dinheiro. Este gesto, tempos depois, foi transformado na popular brincadeira do “trick-or-treat” (gostosuras ou travessuras), cuja tradição se mantém até os dias atuais, divertindo crianças e adultos.

Voltando aos relatos ancestrais do "Samhaín", festival celta que originou o “Dia das Bruxas” que conhecemos nos dias atuais, entre as bruxas, a festa de "Samhaín" é realizada sempre no campo (aliás, como são realizados todos os festejos pagãos). Porém, nos tempos modernos, quando não é possível celebrar no campo, pode-se perfeitamente adaptar a celebração nas cidades ou mesmo em casa.

Beltane - Mas no Hemisfério Sul, o festival comemorado por bruxas e bruxos que seguem a “Roda (do Hemisfério) Sul” é o de “Beltane”. Por ser comemorado no Hemisfério Norte na data de 1º de maio, o "Sabbat de Beltane" também é conhecido como Dia 1º de Maio. 

Aqui no nosso Hemisfério Sul ocorre em 1º de novembro, Dia da Cruz, Rudemas e Walpurgisnacht, o "Sabbat Beltane" é derivado do antigo Festival Druida do Fogo, que celebrava a união da Deusa ao seu consorte, o Deus, sendo também um festival de fertilidade. Na Religião Antiga, a palavra "fertilidade" significa o desejo de produzir mais nas fazendas e nos campos, e não significando a atividade erótica-sexual por si somente.

O retorno do sol (ou Deus Sol) é o clímax do "Festival/Sabbat de Beltane", um dos poucos festivais pagãos que sobreviveu da época pré-cristã até hoje e, em sua maior parte, seguindo o formato original.

Beltane se baseia em um antigo festival romano dedicado a Flora, a deusa sagrada das flores, conhecido como Floralia. Em tempos mais remotos da Humanidade, este mesmo festival era dedicado ao deus Plutão, o senhor romano do Submundo, correspondente ao deus Hades, da mitologia grega. O primeiro dia de maio era também aquele em que os antigos romanos queimavam olíbano junto com o selo-de-salomão e penduravam guirlandas de flores diante de seus altares em honra aos espíritos guardiães que vigiavam e protegiam suas famílias e suas moradias.

Sob aspectos da Astrologia, no dia em que se celebra Beltane o sol está astrologicamente no signo de Tauros, o Touro, que marca a "morte" do inverno, o "nascimento" da primavera e o começo da estação do plantio. Beltane começa acendendo, segundo a tradição, a fogueira ao nascer da lua na véspera do dia 1o.de maio (Hemisfério Norte; e véspera de 1o. de novembro, no Hemisfério Sul) para iluminar o caminho para o Verão.

Realiza-se o ritual do "Sabbat" em honra à Deusa e ao Deus, seguido da celebração da Natureza, que consiste de banquetes, antigos jogos pagãos, leitura de poesias e canto de canções sagradas. São realizadas várias oferendas aos espíritos elementais, e os membros do Coven dançam de maneira muito alegre, no sentido destrógiro, em torno do Mastro de Beltane (símbolo fálico da fertilidade), uma espécie de poste contendo diversas fitas multicoloridas. 

Eles também entrelaçam várias fitas coloridas e brilhantes para simbolizar a união do masculino com o feminino e para celebrar o grande poder fertilizador do Deus. A alegria e o divertimento costumam estender-se até as primeiras horas da manhã, e, ao amanhecer do dia 1o. de maio (ou novembro, no Hemisfério Sul), o orvalho da manhã é coletado das flores e da grama para ser usado em poções místicas de boa sorte.

Os alimentos pagãos tradicionais do "Sabbat de Beltane" são frutas vermelhas (como cerejas e morangos), saladas de ervas, ponche de vinho rosado ou tinto e bolos redondos de aveia ou cevada, conhecidos como bolos de Beltane.

Na época dos antigos druidas, os bolos de Beltane eram divididos em porções iguais, retirados em lotes e consumidos como parte do rito do "Sabbat". Antes da cerimônia, uma porção do bolo era escurecida com carvão, e o infeliz que a retirava era chamado de "bruxo de Beltane", e tornava-se a vítima sacrificial a ser atirada na fogueira ardente.

Nas Terras Altas da Escócia, os bolos de Beltane são usados para adivinhação, sendo atirados pedaços deles na fogueira como oferenda aos espíritos e deidades protetores. Geralmente, nas celebrações de Beltane dos tempos modernos utilizam-se de incensos de olíbano, lilás e rosa; velas na cor verde escuro; pedras preciosas sagradas de esmeralda, cornalina laranja, safira, quartzo rosa; além das ervas ritualísticas tradicionais: amêndoa, angélica, freixo, campainha, cinco-folhas, margarida, olíbano, espinheiro, hera, lilás, malmequer, barba-de-bode, prímula, rosas, raiz satyrion, aspérula e primaveras amarelas.

“Que nesta época de Beltane, os Deuses possam fecundar em nossos corações e mentes as sementesdo amor, da paz, da tolerância e da comunhão. Que permitamos também a fecundação das sementes do conhecimento que nos libertará, para sempre, das amarras perigosas e altamente nocivas da ignorância. Ignorância, que, na maioria das vezes, fomenta o ódio, a intolerância, a violência e até mesmo a morte. Que sementes de um amanhã melhor, mais próspero e mais feliz sejam fecundadas pelos Deuses, iluminadas e aquecidas na fogueira mágica de Beltane!” - finalizou o bruxo e mago goiano, Eghon Rá-Horakhty, fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG).

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(*) A.S.W. MAGO E BRUXO EGHON RÁ-HORAKHTY (Rev. Terry Marcos Dourado - bacharel em Direito, jornalista e radialista), é um alto sacerdote wiccaniano brasileiro, fundador do Coven Wiccaniano Círculo Sagrado de Hórus (CWCSH) e da Tradição Horística dos Sagrados Mistérios Egípcios (THSME); fundador da Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico (IWMBG), todos com sede no Estado de Goiás, centro do Brasil. Entre em contato direto pelo e-mail: contato.iwmbg@yahoo.com.br.